domingo, 20 de maio de 2012

DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO


Denotação é o uso da palavra no sentido original, convencional. É mais freqüente na linguagem informativa, científica, técnica, objetiva.
Ex.: Os tratores foram estacionados na parte do sul do terreno, à espera da estiagem.

Conotação é o uso da palavra num sentido diferente, criado pelo contexto. É mais comum na linguagem coloquial e literária, pois a palavra ganha sentido subjetivo, afetivo.
Ex.: Ele era um trator; não havia delicadeza em nada do que fazia. 


- Doutor, mesmo sofrendo de gota, posso tomar banho de mar?
- Claro que pode. Que importa ao oceano uma gota a mais ou uma gota a menos?
                               (Laert Sarrumor, Mil piadas do Brasil. São Paulo: Nova A1exandria; 1998.) 

segunda-feira, 7 de maio de 2012

o artigo definido e a referenciação


O peregrino, o colar e o perfumista
Em seu caminho para Meca, um peregrino passou por
Bagdá, e ali, com muito esforço, tentou vender um colar
seu que valia mil moedas de ouro. Não tendo encontrado
comprador, foi até um perfumista de quem diziam ser um
homem de bem e com ele deixou o colar. Então fez a peregrinação
a Meca e retornou. Com um presente, foi até o
perfumista, que lhe perguntou:
— Quem é você? E o que é isso?
Ele respondeu:
— Sou o dono do colar deixado com você.
O peregrino nem bem terminou de falar e o perfumista
lhe deu um pontapé que o atirou para fora da loja e lhe disse:
— Como você faz semelhante alegação contra mim?
As pessoas se aglomeraram por ali e disseram ao
peregrino:
— Ai de ti! Este é um homem de bem! Você não encontrou
outra pessoa contra a qual fazer alegações?
Perplexo, o homem insistiu em falar com o perfumista,
que não fez senão aumentar as ofensas e agressões.
Disseram-lhe então:
— Seria bom que você fosse ao sultão ‘Ûdud Addawla.
Ele tem bons métodos para resolver estas coisas.
O peregrino escreveu a história e foi levar o papel a
‘Ûdud Addawla. Ao lê-lo, o sultão gritou chamando-o, e o
peregrino se apresentou. Perguntou sobre o que ocorrera, e
o peregrino lhe relatou o caso. ‘Ûdud Addawla disse:
— Vá até o perfumista amanhã pela manhã e sente-se
no banco diante de sua loja. Se ele expulsá-lo, sente-se no
banco do outro lado da rua, e ali permaneça desde o amanhecer
até o entardecer. Não lhe dirija a palavra. Repita
essa ação por três dias. No quarto dia, eu passarei por ali,
pararei e cumprimentarei você. Não fi que de pé para mim
nem faça mais do que responder à minha saudação e às
perguntas que eu lhe dirigir.
E assim o peregrino foi até o perfumista, que o impediu
de sentar-se no banco em frente da loja. Durante
os três dias seguintes, ele se sentou no banco do outro
lado da rua. No quarto dia, ‘Ûdud Addawla passou por
ali com seu magnífi co cortejo e, ao avistar o peregrino,
parou e disse:
— Que a paz esteja convosco!
Sem se movimentar, o peregrino respondeu:
— Convosco esteja a paz!
‘Ûdud Addawla perguntou:
— Meu irmão, você vem até Bagdá e não vai nos visitar
nem nos dizer quais são as suas necessidades?
O peregrino respondeu:
— Assim foi!
E não esticou a conversa, por mais que o sultão perguntasse
e demonstrasse preocupação. Ele parara, e com
ele todos os soldados do seu cortejo. O perfumista quase
desmaiou de medo. Quando o cortejo se retirou, o perfumista
se voltou para o peregrino e perguntou:
— Ai de ti! Quando você deixou o colar comigo? Em
que estava enrolado? Ajude-me a recordar, quem sabe assim
eu me lembro!
O peregrino disse:
— As características do colar eram tais e tais.
O perfumista começou a vasculhar tudo. Esbarrou em
uma jarra que havia na loja e o colar caiu de cima dela.
Então ele disse:
— Eu tinha me esquecido. E se agora você não me
tivesse feito recordar, eu não teria lembrado!