LÍNGUA
E SOCIEDADE
O caráter social de uma língua já parece ter sido fartamente
demonstrado. Entendida como um sistema de signos convencionais que faculta aos
membros de uma comunidade a possibilidade de comunicação, acredita-se, hoje,
seja cada vez mais importante nas relações humanas, razão pela qual seu estudo
já envolve modernos processos científicos de pesquisa, interligados às mais
novas ciências e técnicas, como, por exemplo, a própria Cibernética. Entre
sociedade e língua, de fato, não há nenhuma relação de mera casualidade. Desde
que nascemos, um mundo de signos linguísticos nos cerca e suas inúmeras
possibilidades comunicativas começam a tornar-se reais a partir do momento em
que, pela imitação e associação, começamos a formular nossas mensagens. E toda
a nossa vida em sociedade supõe um problema de intercâmbio e comunicação que se
realiza fundamentalmente pela língua, o meio mais comum de que dispomos para
tal. Sons, gestos, imagens, diversos e imprevistos, cercam a vida do homem
moderno, compondo mensagens de toda ordem (Henri Lefèbvre diria poeticamente
que "niágaras de mensagens caem sobre pessoas mais ou menos interessadas e
contagiadas"), transmitidas pelos mais diferentes canais, como a
televisão, o cinema, a imprensa, o rádio, o telefone, o telégrafo, os cartazes
de propaganda, os desenhos, a música e tantos outros. Em todos, a língua
desempenha um papel preponderante, seja em sua forma oral, seja através de seu
código substitutivo escrito. E, através dela, o contato com o mundo que nos
cerca é permanentemente atualizado. Nas grandes civilizações, a língua é o
suporte de uma dinâmica social, que compreende não só as relações diárias entre
os membros da comunidade, como também uma atividade intelectual, que vai desde
o fluxo informativo dos meios de comunicação de massa até a vida cultural,
científica ou literária.
PRETI,
Dino. Sociolingüistica: os níveis de fala. São Paulo, Editora Nacional, 1974.
p. 7.